1. Estes dias
faremos lembrança da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Sabemos que a
morte de Cristo é sua entrada para uma vida nova, a vida de Ressuscitado, a
vida que permanecerá, mostrando claramente que Ele, Senhor da Vida e da morte,
superou a morte.
Este mistério é grande e indica a nós
cristãos que não é possível uma união com Cristo sem morrermos primeiramente a
tudo o que constitui o velho mundo e o velho homem.
Participamos
deste mistério na liturgia que nos proporciona realizar mais uma vez a morte e
a vida do Senhor. Participar deste mistério implica em morrer para o pecado,
renovar a nossa ressurreição para a vida da graça, o nosso empenho em realizar
a nova criação que se inicia na Ressurreição de Cristo, e emprego maior da
nossa liberdade espiritual, um privilégio que nos alcança o sacrifício redentor
do Cristo: “Foi para a liberdade que Ele nos libertou”.
2. A Páscoa era
a festa nacional do Povo Eleito, lembrança da sua libertação das mãos do
opressor. A Páscoa permanece para nós, povo cristão, festa de libertação do
pecado e da morte e de constituição em povo santo, em sacerdócio real. A
celebramos com frutos quando temos a consciência de que entre nós há
características de um povo de “remidos”, comprados e resgatados pelo sangue do
Filho de Deus, nosso Salvador, e por isso as celebrações que já iniciamos é um convite
a direcionarmos a nossa vida em caridade e obediência a Deus, e prolongarmos a
Ele um culto de adoração em espírito e verdade que o Calvário inaugurou. Essa
realidade é certeza e presença na Eucaristia.
3. Eucaristia
que hoje celebramos fazendo memória da sua instituição, um rito memorial da
nova aliança, certamente o aspecto mais evidente da nossa fé, a certeza de que
Jesus Ressuscitado está em nosso meio, certeza que é acompanhada de uma
evocação histórica do acontecimento realizado na última ceia. Todas as gerações
proclamaram essa verdade na Celebração Eucarística: Jesus está vivo,
ressuscitado no meio de nós. A Eucaristia é o centro e a vida da Igreja, sem a
mesma, a Igreja não existiria.
O “fazei isto em
memória de mim”, exige cooperadores para que este mistério aconteça. Jesus
confia essa missão aos apóstolos, aos seus sucessores – os bispos, e aos
presbíteros. Nasce assim, junto com o sacramento da imortalidade, o sacramento
do sacerdócio da nova lei. Somente homens, separados por Deus e devidamente
preparados, são ordenados e podem realizar em nosso meio o milagre da
Eucaristia. Sem o sacerdócio não há Eucaristia. Sem Eucaristia não há Igreja,
por isso o mistério é grande e um elemento é essencial ao outro.
4. A instituição
do ministério sacerdotal traz como sua essência o serviço fraterno da caridade,
é por isso que Jesus lava os pés dos seus; muito mais que um gesto serviçal é
um gesto de amor, que vem acompanhado do seguinte exemplo: lavai os pés uns dos
outros, assim como eu vos lavei.
No gesto do lava
pés encontramos essencialmente o testamento de Jesus em palavras e exemplo, não
só aos sacerdotes, mas, a todo povo que lhe pertence. É preciso fazer o mesmo
entre irmãos. É preciso fazer como ele, em todo tempo, no meio da comunidade e
dos irmãos, a celebração de serviços mútuos e mais diversos, livres de qualquer
interesse, nos quais se tornem presentes o amor supremo do Cristo pelos seus,
amor que amou até o fim. Neste sentido a Eucaristia, que é doação plena de
amor, se entende em cada gesto de amor, que se torna igualmente “sacramento”,
imagem de uma única realidade: o amor do Pai em Cristo, o amor, em Cristo, de
todos os que creem.
5. São os
sacerdotes, de fato, os primeiros a darem o exemplo, por palavras e gestos.
Porém, não nos esqueçamos de que eles são “humanos”, portanto, falhos,
necessitados e pecadores, que necessitam de ajuda, de oração, de conselhos,
correção, mas, sobretudo de abraço, carinho e compreensão.
Nosso bispo pela
manhã, dizia-nos na missa crismal, em forma de pedido, que os sacerdotes
amassem profundamente o povo a eles confiados e demonstrassem um carinho
infinito, como de um pai a seus filhos. Temos nos esforçado para isso, mas,
algumas vezes para encontrarmos as forças necessárias, precisamos nos confiar
também como “filhos” no meio do nosso povo, para que a recíproca seja
verdadeira, e essa dimensão da caridade se realize mais completamente em nosso
meio.
6. Jesus se dá
em alimento, a Eucaristia é o sacramento do amor, desta realidade que estamos
falando. Em suma, é a mesma realidade do rito daquela ceia derradeira (que na
verdade foi a primeira), em sua repetição até a volta do Senhor, e em sua
necessária simplicidade de forma, estilizada ao longo dos séculos. Esta
realidade só pode compreender quem é “iniciado à fé”, ou seja, quem recebeu
catequese adequada e fez uma profunda experiência de fé, que tem a compreensão
acompanhada do esforço de viver todos os dias aquilo que se exprime e celebra
na assembléia. Não vemos Jesus se “materializar” no pão e no vinho, o que fazemos
em cada celebração é uma profunda experiência de fé e certeza, de que Ele se
faz presente no meio de nós neste sacramento salutar.
Uma experiência
que não é abstrata, muito menos mágica, mas real, que implica na nossa união
com Cristo, pois só participamos autenticamente da Eucaristia, que é memorial
do sacrifício de Jesus, quando ela é também memorial do nosso sacrifício e da
nossa vida. Ou seja, pertencemos ao Corpo de Cristo, que é um corpo eucarístico.
7. A ação de
graças que celebramos na qual está presente de modo real e verdadeiro o Senhor
morto e ressuscitado no pão e no vinho, se estende à pessoa dos irmãos, sobretudo,
os mais pobres. Aqueles que fazem discriminação, desprezam os outros, alimentam
divisões, não podem reconhecer o corpo do Senhor. Para estes últimos a missa
não é mais Ceia do Senhor, mas um rito vazio que expressa sua condenação.
8. Por fim, não
é a Eucaristia que nasce do sacerdócio, mas o sacerdócio que nasce da
Eucaristia.
Dentro da
comunidade, as relações recíprocas devem ser avaliadas em nível de serviço e
não de poder, estas encontram sua perfeita expressão no momento da celebração
eucarística. Quem “preside” à comunidade e é por ela responsável, preside
também à Eucaristia; reúne-a na oração comum, como também é o elo de unidade nas
diversas atividade realizadas ligadas à pregação da Palavra e a vivência da
caridade.
Para ser
coerentes com seu ministério sacramental, o bispo com os sacerdotes e os
diáconos são os mais próximo do Cristo servo na consagração total de suas
forças e sua vida naquilo que diz respeito a toda atividade da Igreja: "Os presbíteros... segundo a imagem de Cristo,
sumo e eterno Sacerdote, são consagrados para pregar o evangelho, apascentar os
fiéis e celebrar o culto divino, de maneira que são verdadeiros sacerdotes do
Novo Testamento. Participando, no grau próprio de seu ministério, da função de
Cristo Mediador único (cf 1Tm 2,5), a todos anunciam a palavra de Deus. Eles
exercem seu sagrado múnus principalmente no culto eucarístico ou sintaxe, na
qual, agindo na pessoa de Cristo e proclamando seu mistério, eles unem Os votos
dos fiéis ao sacrifício de sua Cabeça e, até a volta do Senhor, apresentam e
aplicam no sacrifício da missa o único sacrifício do Novo Testamento, isto é, o
sacrifício de Cristo que, como hóstia imaculada, uma vez por todas se ofereceu
ao Pai... Exercendo, dentro do âmbito que lhes compete, o múnus de Cristo
Pastor e Cabeça, eles congregam a família de Deus numa fraternidade a tender
para a unidade e a conduzem a Deus Pai, por Cristo, no Espírito Santo... De
coração, feitos modelos para o rebanho, presidam e sirvam de tal modo sua
comunidade local, que esta dignamente possa ser chamada com aquele nome pelo
qual só e todo o Povo de Deus é distinguido, a saber: Igreja de Deus".
(LG 28)
Pe. Rodolfo Marinho de Sousa.
Referencia:
Missal Dominical, Paulus.
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