O Mistério
Litúrgico
A partir do Século IV
iniciou-se a celebração do Tríduo Pascal. Conforme nos relata Santo Agostinho e
Santo Ambrósio de Milão usava-se a expressão Tridum Sacrum.
A expressão ”Tríduo Pascal”
começa a ser usada a partir de 1930.
A celebração Eucarística da noite da Quinta-feira Santa
e as outras cerimônias até a Vigília Pascal formam um conjunto de unidade do
mistério pascal que levou o Papa Leão Magno a definir a noite de Páscoa como “Pascale
Sacramentum”.
O espírito do Tríduo Pascal tem sua
origem nas linhas mestras da liturgia primitiva. A primeira linha fundamental é
a exigência de ligação entre a lembrança da Paixão e da Ressurreição. A Morte
de Cristo já é sua entrada numa vida nova: a vida do Ressuscitado permanece a
vida em que ele entrou superando a morte. Esta unidade dos dois elementos do
Mistério Pascal indica ao cristão que não pode haver para ele uma vida de união
com Cristo, sem morrer primeiramente a tudo que constitui o velho mundo.
A segunda linha essencial da
Liturgia Pascal se percebe através do exuberante simbolismo das celebrações
litúrgicas características do Tríduo. A Morte e a vida do Senhor se realizam
novamente no mistério litúrgico e na nossa participação nesse mistério;
participação no mistério que implica em mais profunda Morte ao pecado,
renovação da nossa Ressurreição para a vida da graça, nosso empenho mais firme
na realização da nova criação que se vai efetuando, e emprego maior da
liberdade espiritual que se torna privilégio nosso.
Uma terceira linha provém das
próprias origens da Festa Pascal. A Páscoa era a festa nacional do povo eleito,
lembrança da sua libertação e constituição. Páscoa permanece a festa do povo
cristão; festa da sua constituição em povo santo, em sacerdócio real. Não se
pode celebrá-la sem tomar mais consciências das características essenciais
próprias de um povo de “remidos”: toda a sua vida de caridade e obediência a
Deus constitui o culto em espírito e verdade que o Calvário inaugurou.
“Cristo
operou a redenção do homem e a perfeita glorificação de Deus principalmente por
meio do seu mistério pascal, com o qual morrendo, destruiu a nossa morte e,
ressuscitando, restaurou a vida. Por este motivo o sagrado Tríduo Pascal da
Paixão e Ressurreição do Senhor se nos apresenta como o ponto culminante de
todo o ano litúrgico. Aquela preeminência que tem na semana o “dia do Senhor”,
ou domingo, tem-na no ano litúrgico a solenidade da Páscoa”. (Cerimonial dos
Bispos, 295)
Texto retirado do Ritual para a Semana Santa
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